07 de abril de 2014 • 16h20
• atualizado às 16h29
Cientistas encontram fóssil de primeiro coração já visto
Fóssil de criatura marinha encontrada tem mais de 500 milhões de anos e seria primeiro sistema cardiovascular encontrado na História
Você já ouviu falar em coração de pedra, mas este é um caso literal.
Nesta segunda-feira, cientistas disseram ter encontrado o
fóssil de uma criatura semelhante a um camarão que viveu 520 milhões de
anos atrás com um coração e artérias exemplarmente conservados que
representam o sistema cardiovascular mais antigo já visto.
Chamada de "Fuxianhuia protensa", a criatura era um
artrópode primitivo, um grupo de invertebrados com exoesqueletos que
inclui crustáceos como caranguejos, lagostas e camarões, assim como
insetos, aranhas e centípedes.
O fóssil, encontrado na província de Yunnan, no sudoeste
da China, data da "Explosão Cambriana", período capital na história da
vida na Terra, quando muitos dos maiores grupos animais surgiram, mais
de meio bilhão de anos atrás.
"É um caso extremamente raro e incomum que um sistema de
órgãos tão delicado seja preservado em um dos fósseis mais antigos e
com tanta riqueza de detalhes", disse a paleontóloga Xiaoya Ma, do Museu
de História Natural de Londres, uma das pesquisadoras do estudo
publicado no periódico Nature Communications.
As partes moles do corpo de um animal tendem a se
decompor após a morte, e por isso normalmente os fósseis só preservam as
partes duras, como ossos, dentes e carapaças.
"Entretanto, em circunstâncias expecionais, o tecido
mole e os sistemas de órgãos anatômicos também podem ser preservados nos
fósseis", disse Ma.
No caso do Fuxianhuia protensa, o fóssil mostrou um
coração tubular no meio do corpo com um sistema de artérias rico e
elaborado levando aos olhos, às antenas, ao cérebro e às pernas da
criatura.
O sistema cardiovascular, incluindo o coração e as
artérias, permitem que o sangue circule em todo o corpo e distribua
oxigênio e nutrientes. A maioria dos animais possui esse sistema, mas
aqueles que não são dotados de uma cavidade corporal, como as medusas e
os platelmintos, não o possui.
Este fóssil lança uma nova luz sobre a evolução da
organização corporal dos animais, e mostra que mesmo algumas das
primeiras criaturas se assemelhavam a seus descendentes atuais, disseram
os pesquisadores.
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