01 de abril de 2014 • 13h34 • atualizado às 13h45
ONU: metas de redução de emissões não serão alcançadas
Temendo danos as suas economias, países desenvolvidos não estão planejando restrições rigorosas, embora precisem barrar as emissões de gases estufa para que o aquecimento global não ultrapasse o teto da meta
O mundo vai precisar de restrições muitos mais severas
aos gases do efeito estufa, tanto por parte de países desenvolvidos como
das economias emergentes, para evitar que o aquecimento global
ultrapasse o teto da meta, de acordo com o rascunho de um relatório da
ONU.
Países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos,
teriam de reduzir as emissões pela metade até 2030 em relação aos níveis
de 2010 para limitar o aquecimento em até 2 graus Celsius acima dos
níveis pré-industriais, de acordo com o relatório preliminar obtido pela
Reuters.
A Ásia, que inclui a China e a Índia, teriam de limitar
as emissões para os níveis de 2010 até 2030, como parte de uma divisão
global, um objetivo difícil para países que afirmam ser necessária a
queima de mais combustíveis fósseis para ajudar a acabar com a pobreza.
"A estabilização das concentrações de gases de efeito
estufa exigirá transformações em larga escala nas sociedades", afirma o
capítulo 6 do relatório produzido pelo Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) que deve ser divulgado em
Berlim, em meados de abril.
A maioria dos governos não está planejando restrições
tão rigorosas, temendo que sejam economicamente incapacitantes. As
temperaturas estão em vias de exceder o limite máximo, definido por
cerca de 200 nações em 2010, de até 2 graus Celsius acima da época
pré-industrial.
Mesmo assim, as restrições marcam uma mudança no debate
sobre mudanças climáticas, que tem se concentrado mais em países
emissores ricos.
"As implicações para todos os grandes emissores são
rigorosas", disse Alden Meyer, da Union of Concerned Scientists. "Todos
eles têm agora algo com o que se preocupar". Como outros entrevistados,
ele ainda não teve acesso ao relatório.
Os países em desenvolvimento têm frequentemente citado o
relatório anterior do IPCC, de 2007, segundo o qual nações
industrializadas deveriam reduzir emissões para entre 25 e 40 por cento
abaixo dos níveis de 1990 até 2020. O documento não contém metas tão
claras para países emergentes.
As reduções em países ricos estão muito aquém do 25 a 40
por cento. A União Europeia, com os planos mais ambiciosos entre os
países desenvolvidos, está considerando cortes de 40 por cento abaixo
dos níveis de 1990 até 2030.
O relatório de Berlim para uma solução da questão das
mudanças climáticas vem após um relatório do IPCC sobre os impactos do
aquecimento divulgado no Japão na segunda-feira que afirma que o mundo
está, em muitos casos, mal preparado para mudanças graves e talvez
irreversíveis.
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