quarta-feira, 26 de março de 2014

A coisa nunca foi pequena não há lugar nenhum que eles possam não deixar de fazer roubalheira.

26/03/2014
08h22

Vôlei

Além de contrato do BB, aliados de Ary também ganharam por 'promover' vôlei

Por Lúcio de Castro, especial para o ESPN.com.br
Dossiê Vôlei - logo
As ligações comerciais entre a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e a empresa S4G extrapolam o âmbito da "prestação de serviços de representação, assessoria comercial e venda de patrocínio" em compromissos firmados diretamente entre confederação e Banco do Brasil (BB). A intermediação e assessoramento de contratos foram revelados aqui no "Dossiê Vôlei". Além de arrebanhar a exploração dos negócios da entidade nas áreas acima citadas, os tentáculos da prestadora de serviços, dividida em S4G Gestão de Eventos, S4G Planejamento e Marketing e S4G Gestão de Negócios, se estendiam em "produção e planejamento de grandes eventos esportivos". É o que revelam mais quatro contratos entre CBV e dois desses braços, a S4G Gestão de Eventos e a S4G Planejamento e Marketing. Se tivessem ido até 2017 como estava acordado, os quatro contratos renderiam mais cerca de R$ 15.000,000,00 (quinze milhões) para a S4G.

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Desses quatro contratos, dois foram fechados com a S4G Gestão de Eventos e dois com a S4G Planejamento e Marketing. Os dois da S4G Gestão de Eventos são de 1º de dezembro de 2010 até 30 de junho de 2017, (a empresa foi criada em 10 de setembro de 2010, e de acordo com o balanço da CBV, em dezembro já era contratada "por notória especialização para prestação dos serviços de planejamento, produção e comercialização dos eventos de voleibol de quadra e praia"). Em um dos contratos, de "produção de grandes eventos de vôlei de praia no Brasil", o primeiro acordo era de pagamento de R$ 28.885,04 (vinte e oito mil, oitocentos e oitenta e cinco reais e quatro centavos) mensais, com reajuste pelo IGP-M do ano anterior. Em 1º de julho de 2011, independente do IGP-M, a CBV demonstrou sua gratidão com os serviços da S4G. Em aditivo de número 00, alterou a cláusula terceira e arredondou o valor para R$ 30.000,00 (trinta mil reais). E acrescentou uma parcela única de R$ 14.332,12 (catorze mil, trezentos e trinta e dois reais e doze centavos).
O outro contrato firmado com a S4G Gestão de Eventos é de "produção de grandes eventos de voleibol de quadra no Brasil" e envolve a mesma quantia do relativo aos eventos na praia: R$ 28.885,04 (vinte e oito mil, oitocentos e oitenta e cinco reais e quatro centavos) mensais, com reajuste pelo IGP-M do ano anterior. Também em 1º de julho de 2011 um aditivo de número 00, alterou a cláusula terceira e arredondou o valor para R$ 30.000,00 (trinta mil reais). E também acrescentou uma parcela única de R$ 14.332,12 (catorze mil, trezentos e trinta e dois reais e doze centavos).
Já os dois contratos assinados com a S4G Planejamento e Marketing tem início em 15 de abril de 2011, com validade prevista até 30 de junho de 2017. A S4G Planejamento e Marketing foi aberta três dias antes, em 12 de abril de 2011, como dão conta os documentos obtidos pela reportagem junto ao Cartório do Ofício Único de Saquarema. Em um deles, o objeto é "prestação de serviço pela S4G à CBV de planejamento dos grandes eventos de voleibol de quadra no Brasil". Os apenas três dias de nascida não foram empecilho para a S4G conquistar um contrato de R$ 70.000,00 (setenta mil mensais) com reajuste pelo IGP-M.

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Porém, há algo ainda mais surpreendente no contrato: o pagamento de uma taxa única de R$ 132.312,04 (cento e trinta e dois mil, trezentos e doze reais e quatro centavos) "pelos serviços prestados de planejamento das competições já em andamento na assinatura deste contrato". Considerando-se que a empresa foi aberta no dia 12 de abril e o contrato assinado no dia 15, chega-se a conclusão que os três dias entre a abertura da empresa e a assinatura do contrato foram de intensos e frutíferos trabalhos. Não obstante, no dia seguinte da assinatura do contrato, 16 de abril, verificou-se que o valor pelos três dias de trabalho não eram suficientes e fez-se um aditivo, de número 00, aumentando o valor pago pelos "serviços prestados de planejamento das competições já em andamento na assinatura deste contrato" para R$ 191.602,74 (cento e noventa e um mil, seiscentos e dois reais e setenta e quatro centavos).
Com as mesmas datas, o outro contrato da S4G Planejamento e Marketing, tem como objeto "prestação de serviço pela S4G à CBV de planejamento dos grandes eventos de vôlei de praia no Brasil". Remuneração mensal de R$ 70.000,00 (setenta mil reais) reajustados anualmente pelo IGP-M e pagamento de R$ 132.312,04 (cento e trinta e dois mil, trezentos e doze reais e quatro centavos) "pelos serviços prestados de planejamento das competições já em andamento na assinatura deste contrato". Também aqui os três dias de trabalho entre a abertura da empresa (12/4/2011) e a assinatura do contrato (15/4/2011) foram reavaliados no dia seguinte da assinatura e e fez-se um aditivo, de número 00, aumentando o valor pago pelos "serviços prestados de planejamento das competições já em andamento na assinatura deste contrato" para R$ 191.602,74 (cento e noventa e um mil, seiscentos e dois reais e setenta e quatro centavos).
Os quatro contratos não chegaram ao fim, previsto para 2017. Em 30 de julho de 2013, foram rescindidos por "instrumento particular de resilição", ou seja, comum acordo ou cláusula anteriormente estipulada.

Questionada por esta reportagem sobre a contratação da S4G para produção e planejamento de eventos esportivos e sobre a licitação, a CBV respondeu que "a contratação da S4G foi uma decisão da gestão anterior, que está sendo investigada pela Pricewaterhouse Coopers, auditoria independente. Os primeiros resultados serão divulgados em cinco semanas".
Caso não tivessem sido suspensos e fossem cumpridos até 2017, esses quatro contratos aqui apresentados renderiam mais cerca de R$ 14.631.869,42 (catorze milhões, seiscentos e trinta e um mil, oitocentos e sessenta e nove reais e quarenta e dois centavos), mais a correção anual do IGP-M. Esses quase R$ 15.000.000,00 (quinze milhões) de agora, somados aos R$ 20.000.000,00 (vinte milhões) revelados nas primeiras reportagens do "Dossiê Vôlei" em dois contratos com a S4G e um com a SMP, (todos os três também rescindidos em 2013, como foi citado nas reportagens anteriores) somariam mais de R$ 35.000,000,00 (trinta e cinco milhões). Apenas nesses sete contratos. Além das estreitas ligações em seu mandato na CBV com a S4G e os braços da mesma, Ary Graça levou também para a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) Fábio Dias Azevedo, que consta como dono das S4G e no expediente da FIVB como diretor geral.
Há algo ainda mais inusitado nos contratos do que o régio pagamento por três dias de "serviços prestados no planejamento ou produção de competições já em andamento" referente aos dias da abertura da empresa e da assinatura dos termos. Logo na abertura, em seu item primeiro, a Confederação Brasileira de Vôlei explica a razão para contratação de uma empresa prestadora de serviço para produção ou planejamento de grandes eventos esportivos, afirmando que tais serviços " não constituem atividade fim da CBV". No entanto, além de ter produzido e planejado eventos durante anos, no código e descrição da atividade econômica principal da inscrição da CBV no Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral (CNPJ), está: "93.19-1-01- Produção e promoção de eventos esportivos". O mesmo da S4G Gestão de Eventos.

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