"Brasil é o país dos conchavos, do tapinha nas costas", diz Joaquim Barbosa
Do UOL, em São Paulo
- Nelson Jr/ASICS/TSE14.nov.2013 - O presidente do STF e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa
Barbosa disse que não pretende se candidatar a cargo político em 2014 - ele já negou que iria tentar a Presidência - mas não descartou investir na vida política durante as próximas eleições. "Recebo inúmeras manifestações de carinho, pedido de cidadãos comuns para que me lance nessa briga [candidatura], mas não me emocionei com a ideia ainda", relatou.
O ministro defendeu que o Brasil tem responsabilidade por estar entre as 10 maiores democracias do mundo: "Isso aqui não é lugar para brincadeira". Também criticou a tomada de decisões dos três poderes: "Se faz muita brincadeira no Brasil no âmbito do Estado, dos três poderes. Muitas decisões são tomadas (...) superficialmente. Não se pensa nas consequências".
Se faz muita brincadeira no Brasil no âmbito do Estado, dos três poderes Ministro do STF
Ao conversar sobre racismo no Brasil, Barbosa disse esperar que os presidentes nomeiem homens e mulheres negras "de maneira natural" e que "não façam estardalhaço disso". O ministro criticou convites que Lula teria feito a ele quando era presidente para ir à África. Entre outros motivos para a recusa, Barbosa entendeu que "era uma estratégia de marketing para os países africanos".
Ele lembrou que fez uma acusação contra o jornalista Ricardo Noblat por crime racial.
Ministro foi relator do mensalão
Barbosa foi o relator do processo do mensalão, que acabou com a condenação de nomes importantes do PT, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.O ministro foi nomeado à Corte em 2003 pelo então presidente Lula e atinge a idade de aposentadoria compulsória no tribunal, 70 anos, em 2024.
Em novembro, quando completa a gestão de dois anos como presidente do STF, ele será substituído na liderança da Corte pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Na entrevista ao canal, Barbosa sinalizou que não deve esperar a aposentadoria para deixar a Corte: "Pretendo ficar mais um 'tempinho', mas vou decidir o que fazer".
Ampliar 27.fev.2014 - frase de Joaquim Barbosa após absolvição de réus
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