Economia
Cenário
Ao falar sobre economia, Dilma diz que não se abala com julgamentos apressados
A presidente se pronunciou sobre o tema pela primeira vez desde o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor's
A presidente não chegou a citar nominalmente a S&P
(Ueslei Marcelino/Reuters)
A frase parece ter sido direcionada à agência de risco, que rebaixou a nota do Brasil de BBB para BBB- no início da semana. Mas a presidente não citou nominalmente a S&P. Segundo ela, "para seguir com a modernização do estado e da economia, de prioridade à educação, também estamos convencidos da absoluta necessidade de preservar a solidez dos fundamentos macroeconômicos do país", disse.
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"Assumimos essa tarefa como um compromisso inarredável com o nosso povo, com a nossa história, com as forças produtivas e com os investidores que aqui vêm, nacionais e internacionais. Este compromisso não será alterado", afirmou Dilma durante a abertura da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na Costa do Sauípe, na Bahia. "Tampouco nos abalaremos com julgamentos apressados e por conclusões precipitadas, que a realidade desmentirá", completou.
Segundo a presidente, nos últimos onze anos o Brasil se tornou a sexta economia do mundo e atingiu a estabilidade macroeconômica, com inflação estável, contas fiscais robustas e grandes reservas internacionais.
(Com Agência Estado)
Cinco motivos que fizeram a S&P rebaixar a nota do Brasil
Deterioração fiscal
A S&P apontou a piora na situação fiscal, ou seja, nas contas públicas, como um dos principais fatores que levaram ao rebaixamento. A agência já havia feito um alerta em junho de 2013, quando reduziu a perspectiva da nota de estável para negativa, o que acendeu a luz amarela para a classificação do Brasil. Nos últimos anos, a diferença entre os gastos e a arrecadação do governo ficou cada vez menor. Isso porque o país tem visto um enfraquecimento da atividade econômica, o que provoca desaceleração da arrecadação, mas não reduziu o ritmo de suas despesas.Perspectiva de baixo crescimento
A trajetória ruim da situação fiscal é reforçada pela perspectiva de
baixo crescimento do Brasil para os próximos anos. Desde que assumiu o
poder, em 2011, a presidente Dilma Rousseff não viu um crescimento
expressivo do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Desde então, a maior
marca alcançada foi de 2,7%, no primeiro ano de mandato. A S&P vê
ainda uma piora de cenário para os próximos anos: em comparação com o
crescimento de 2,3% visto em 2014, a economia brasileira deve expandir
apenas 1,8% este ano, 2,0% em 2015 e 2,5%, em 2016. O crescimento baixo
mantém um viés negativo sob a situação fiscal do país.
Contabilidade criativa
Um dos pontos apontados pela S&P que provoca piora na perspectiva das contas públicas é a "contabilidade criativa", as manobras usadas pelo governo para tentar cumprir a meta fiscal sem mudar gastos e arrecadação. O governo tem se valido de receitas extraordinárias - como o Refis e o bônus de exploração do campo de Libra, do pré-sal - para engordar os cofres públicos e fechar as contas no azul. "A credibilidade entorno da condução da política fiscal enfraqueceu sistematicamente quando o governo começou a abater gastos e receitas da meta fiscal, além de ter reduzido a meta ao longo do tempo", citou a S&P em nota. Apenas no ano passado, o governo promoveu duas mudanças na meta fiscal, que começou 2013 em 3,1% do PIB, sendo reduzida para 2,3% e, terminou em 1,9% do PIB apenas. A agência lembrou também o uso persistente de bancos públicos - que são financiados pelo Tesouro.Déficit nas contas externas
Também pesou negativamente na mudança da nota o aumento do déficit nas
contas externas do Brasil. Nos últimos anos o país viu a diferença entre
a saída e a entrada de dólares do país aumentar, o que mostra
vulnerabilidade do país ao setor externo. No ano passado, o déficit nas
contas externas cresceu 50%, somando 81,37 bilhões de dólares, patamar
recorde. Além disso, o ritmo de Investimento Estrangeiro Direto (IED)
tem se mantido de forma moderada.
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