sexta-feira, 28 de março de 2014

Tudo bem que a maioria das mulheres se acham gostosas e acham que se mostrando com roupas abusadas ou quese semi nuas, isto provoca pois ainda dentro do "homosapiens" esiste aquela instinto de arrastar para traz da moita, mais há casos que o machismo pesa e casos que a sacanagem também são levados em contas, o que falta é uma questão de educação da conciencia individual pois não estamos mais na "era da pedra lascada" e im no século XXI, isso deveria pesar mais e não está,o que aconteçe é que "por um bom rabo se perde a cabeça".?????????

A culpa é delas. É o que pensam os brasileiros sobre a violência contra a mulher

Uma pesquisa realizada pelo Ipea quis saber as opiniões do brasileiro quanto à violência contra a mulher. Os resultados preocupam: a maioria dos brasileiros acredita que o estupro é culpa da mulher, que mostra o corpo e não se comporta como deveria

RAFAEL CISCATI
27/03/2014 16h53 - Atualizado em 27/03/2014 17h54
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Donas do próprio corpo: a maioria dos brasileiros acredita que a mulher deve satisfazer os desejos sexuais do marido e que vestir roupa curta justifica o estupro. Na foto, participantes da Marcha das Vadias (Foto: Antonio Cruz/ABr)

Para a maioria dos brasileiros, a mulher deve “dar-se ao respeito”. Ela deve obediência ao marido e só se sente realizada ao ter filhos e constituir família. A maioria ainda acredita que, “se a mulher soubesse se comportar melhor, haveria menos estupros”. Mais que isso: para a maioria dos brasileiros, “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser estupradas”.
São essas as conclusões de um estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta quinta-feira (27). Anualmente, o Ipea organiza o Sistema de Indicadores de Percepção Social , uma pesquisa realizada em domicílios brasileiros que visa a identificar a opinião da população acerca de políticas públicas implementadas pelo governo. Neste ano, a pesquisa queria saber o que o brasileiro pensa sobre a questão da violência contra a mulher. Entre maio e junho de 2013, 3.809 domicílios foram consultados, em 212 cidades espalhadas pelo Brasil. Homens e mulheres foram entrevistados. Elas, inclusive, foram maioria – correspondem a 66% da amostra. Dos dados, emerge um sociedade patriarcal, que busca controlar o corpo feminino e que culpa a mulher pelas agressões sofridas.

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Segundo o Ipea, existe no Brasil um “sistema social que subordina o feminino ao masculino”, no qual “a violência parece exercer um papel fundamental”. Entre os entrevistados, 58,5% acham que, se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros. Essa percepção, além de depositar a culpa da agressão nos ombros das mulheres, carrega implícita a noção de que os homens não conseguem – e nem deveriam – controlar seus apetites sexuais.

O mais chocante – 65% dos brasileiros concordam com a ideia de que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. A afirmação, dizem os pesquisadores, mostra a existência de uma “cultura do estupro” no país. Não basta que o comportamento feminino seja alvo de restrições maiores que o masculino: é tolerável que os desvios de conduta sejam punidos, por meio de violência sexual.

A pesquisa do Ipea é apresentada em um momento em que o tema da violência contra a mulher ganha destaque na imprensa e na agenda do governo. O instituto aponta que, nessa área, avanços importantes foram conquistados, como a criação da Lei Maria da Penha em 2006. Mesmo assim, a mentalidade machista ainda predomina na sociedade brasileira. Além das questões relacionadas à violência sexual, a pesquisa abordou questões relativas à violência doméstica e à organização familiar.

Violência doméstica e sociedade patriarcal

Nessa área, as opiniões dos brasileiros são um tanto contraditórias. A maioria concorda que atos de violência contra a mulher, em casa, devam ser punidos: 91% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que “homem que bate na esposa deve ir para a cadeia”. Mesmo assim, a maioria acredita que casos de conflitos entre pessoas casadas possam e devam ser resolvidos dentro de casa, sem intervenção das autoridades: 63% acham que casos de violência doméstica só devem ser discutidos entre membros da própria família.
Para os pesquisadores do Ipea, a maior parte da sociedade brasileira preserva a imagem de uma família tradicional, organizada em torno da figura do homem. Nessa forma de organização familiar, o homem não tem poderes irrestritos sobre mulher e filhos – seus atos de violência, se extremos, devem ser punidos. Mesmo assim, o pai continua a ser uma figura cuja autoridade deve ser respeitada, ainda que isso acarrete prejuízos para a mulher. Nesse contexto, o recurso à violência, física ou subliminar, é frequente e tolerado: 27% dos entrevistados concordam total ou parcialmente com a afirmação de que a mulher deve satisfazer os desejos sexuais do marido, ainda que não tenha vontade de fazê-lo.  Sem deixar claro, a pergunta aborda a questão do estupro no âmbito do casamento – um tabu.
Existe ainda a tendência de associar a imagem da mulher à imagem de mãe. 30% dos entrevistados acreditam que uma mulher só se sente realizada quando tem filhos.
Casamento entre pessoas do mesmo sexo

A família que o brasileiro valoriza é aquela composta por pai, mãe e filhos. E liderada pelo marido: a maioria enxerga o homem como o cabeça da casa. Embora esse arranjo familiar venha perdendo espaço – o número de famílias chefiadas por mulheres, segundo o IBGE, cresceu de 28% para 38% em 2012 – é ele que ocupa o imaginário do brasileiro médio como o de família ideal. Segundo o Ipea, além de desvalorizar a importância da mulher no círculo familiar, esse imaginário cria espaço para opiniões de caráter homofóbico – o casamento de dois homens, por exemplo, é visto como uma situação em que um homem ocupa o lugar de submissão associado à mulher. Quando questionados, 52% dos entrevistados afirmaram que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não deveria ser permitido. Mesmo assim, em outra aparente contradição, 50% deles acreditam que pessoas do mesmo sexo devem ter acesso aos mesmos direitos que os demais casais.

De acordo com o Ipea, o perfil das respostas, nesse caso, variou conforme a faixa etária do entrevistado. Jovens, entre 16 e 29, têm uma imagem mais positiva da homossexualidade.

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