domingo, 18 de dezembro de 2011

Esta demorando muito para que aqui se comporte de maneira mais flexivel e deixar de ser durões, existe muitos regimes de educação que são muito melhor do que os nossos, não precisa ir muito longe, mais espero que mude e mude para melhor e que o dinheiro ali aplicado seja realmente aplicado pois isto é o maior poblema deste paiz.

18/12/2011 - 07:00

Gustavo Ioschpe

O que o Brasil pode copiar da educação chinesa

Medidas específicas podem ser testadas em regime piloto, com boa chance de terem sua adoção recomendada em grande escala

O EXEMPLO ASIÁTICO - A China mostra que a ideia de que não pode haver educação de alto nível em cenário de pobreza é balela. No último Pisa, a província chinesa de Xangai, que tem nível de renda per capita muito parecido com o brasileiro, deu um show O EXEMPLO ASIÁTICO - A China mostra que a ideia de que não pode haver educação de alto nível em cenário de pobreza é balela. No último Pisa, a província chinesa de Xangai, que tem nível de renda per capita muito parecido com o brasileiro, deu um show (Philippe Lopez/AFP)
Desconfio que, à medida que o crescimento chinês for se mantendo firme em período de crise no Ocidente e sua educação continuar despontando nos primeiros lugares dos testes internacionais, muita gente vai se perguntar se devemos adotar o sistema político-econômico e educacional da China.
Com o primeiro, apesar de todas as suas virtudes, eu, pessoalmente, não me entusiasmo: para mim, a liberdade é um valor supremo, e a democracia é uma conquista inegociável.
O sistema educacional, pelo contrário, tem muito mais virtudes do que defeitos, e imagino que você deva estar se perguntando: dá pra copiar? Deveria ser o nosso modelo?
A resposta é não. Sistemas educacionais são frutos orgânicos do desenvolvimento histórico, social e cultural dos países em que estão inseridos, bem como atrelados ao seu projeto de futuro. Faria tanto sentido ao Brasil querer replicar o sistema de Xangai quanto ao Paysandu querer fazer uma cópia do Barcelona de Messi.
O que dá pra fazer é olhar para algumas medidas específicas e implementa-las em regime piloto em alguns locais do Brasil pra ver se funcionam. Somente depois de testadas empiricamente é que poderiam ser recomendadas em escala.
Se eu fosse um gestor público brasileiro, as medidas que testaria são essas:


Medida O que É por que testar
Grupos de estudo de professores Regime de reuniões semanais e quinzenais dos professores de mesma disciplina, no nível da escola e distrito, para preparar aula e compartilhar melhores práticas Há uma heterogeneidade muito grande no sistema brasileiro e um grau de autonomia exagerado para os maus professores. O grupo de professores ajuda a popularizar melhores métodos e monitorar os piores profissionais e escolas
Implantação de um professor-líder por turma Cada turma tem um professor que é o seu principal responsável, conhece os pais dos alunos, vê se todos vieram à aula, resolve conflitos etc. Permite abolir a chamada. Cria interlocução mais direta com os pais. Aumenta o senso de responsabilidade da escola perante seus alunos.
“Empowered management” As piores escolas têm sua administração substituída por profissionais das melhores escolas Resgata a qualidade das piores escolas e ainda beneficia financeiramente as melhores escolas.
Dever de casa Estipular dever de casa escrito a partir do 3º ano, começando com cerca 1,5 horas/dia e chegando até 3h/dia no fim do ensino médio, especialmente em Matemática e Ciências. Toda a pesquisa empírica mostra que o dever de casa é fundamental para a aprendizagem, especialmente em exatas. No Brasil, se faz muito pouco e muito mal. É um ritual ou punição pro aluno, não ferramenta de ensino.
Aulas de 40 minutos com intervalo de 10 minutos entre elas Ao contrário do sistema de aulas de 50 minutos sem intervalos Organiza o calendário de forma realista e coíbe atrasos de professores e alunos
Diminuição de número de funcionários fora de sala de aula Melhorar a relação professor/não-professor no sistema. O número de funcionários em relação a professores no Brasil é incríveis 5 vezes maior do que em Xangai. Enquanto houver esse inchaço, não sobra dinheiro pra gastar no que é mais importante.
Criação de prêmios para professores e divulgação dos vencedores Os melhores professores de cada disciplina recebem prêmios em suas escolas, depois competem com os da região, cidade etc. O reconhecimento da comunidade pode ser tão ou mais importante que dinheiro para motivar o professor.
Progressão na carreira vinculada a esforço e iniciativa individual Em Xangai, para ganhar mais, professor tem de não apenas mostrar competência como se comprometer a aumentar significativamente suas horas de treinamento Cria uma contrapartida para o aumento, alinhando o interesse do professor com o do aluno. E torna a promoção uma iniciativa individual, sem requerer negociações coletivas desgastantes.
Treinamento para diretores e professores Ninguém pode se tornar diretor de escola sem curso de administração escolar. E todos os professores passam por treinamento nas férias, todos os anos. A função de diretor é fundamental para o bom andamento das escolas, mas os diretores brasileiros não são preparados para o cargo. Dependemos do talento e perseverança de cada um.
Os professores precisam de atualização e acompanhamento constantes para que suas aulas não estagnem.
Criar fóruns online para professores Espaços na internet em que o professor pode interagir com colegas e com experts pedagógicos da sua área da prefeitura Diminuir o isolamento e sensação de abandono dos professores, criar uma rede colaborativa, disseminar melhores práticas de ensino e tirar dúvidas
Ter data show em sala de aula e disponibilizar materiais online Instalar aparelho de projeção, cuja imagem ocupa parte da parede antes destinada ao quadro negro A instalação do datashow aproveita melhor o tempo em aula, evitando a cópia. A disponibilização de material online ajuda mesmo os piores professores a dar uma aula competente.
Criação de currículo Fazer com que todos os professores da sua rede saibam o que têm de ensinar, aula a aula, e as competências que o aluno deve dominar ao fim de cada bimestre É impossível ter uma rede com ensino de qualidade se cada escola pode ensinar da maneira que quiser e sem clareza sobre o que precisa ser atingido
Fazer escolas de um ciclo só Ter escolas que sejam de 1º ao 5º ano, outras do 6º ao 9º e outras pro Ensino Médio Permite número maior de turmas por série e a criação de grupos de estudo de professores

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