07/12/2011
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07h18
Leia íntegra de reportagem sobre as militantes
Mulheres de peito nu dizem encarnar novo feminismo
Veja galeria de fotos das ativistas ucranianas do Femen
Primeiro, porque são feministas. Segundo, porque são bonitas. Ainda bem que tinha a desculpa da entrevista. Senão, nunca me aproximaria da mesa de um bar ocupada por quatro mulheres mais altas do que eu.
Elas consideram as entrevistas parte essencial da militância. Sem publicações do grupo além dos blogs individuais, dependem do contato com a imprensa para ir além das fotos espalhadas multiplicadas milhões de vezes mundo afora.
Mesmo vestidas, não descuidam da imagem. Num momento da entrevista gravada em vídeo, uma Femen chamou a atenção da outra para corrigir a postura.
Algumas perguntas as incomodavam mais do que as outras. Quando perguntei
sobre a contradição entre ser feminista e protestar sem roupa, deram
respostas defensivas-agressivas, uma complementando a outra.
Falavam em que podem ser feministas e bonitas ao mesmo tempo e que estão reinventando uma nova forma de ativismo.
Estavam visivelmente maravilhadas com os recentes protestos em Paris (contra a prostituição durante a Eurocopa) e em Roma, contra Silvio Berlusconi, os primeiros no exterior. Ao contrário da Ucrânia, que, segundo elas, vive uma "ditadura", só foram detidas uma vez, num protesto no Vaticano.
"Temos cabelo loiro, salto alto, somos diferentes das europeias. Uma vez, íamos caminhando, e uns rapazes começaram a gritar: 'Ei, meninas'. E quando voltamos, eles viram os símbolos da Femen e disseram 'meu Deus, eu queria conhecê-las, vocês estão contra a prostituição. Adeus e boa sorte", conta uma delas, sobre a passagem por Paris.
Elas parecem realmente convencidas de que estão no caminho certo, a ponto de serem procuradas para ajudar em manifestações.
Contaram ainda que já conseguiram reverter um caso evidente de turismo sexual, quando uma rádio da Nova Zelândia ofereceu um concurso cujo prêmio consistia em 12 dias na Ucrânia com um namorada escolhida num site de encontros.
As meninas fizeram um protesto diante do cartório matrimonial. De
topless, gritavam que a Ucrânia não era um bordel e que o vencedor teria
um "final infeliz". O prêmio foi cancelado.
A parte em que se sentiram mais à vontade foram ao falar do impacto da militância vida pessoal. A mais falante, Inna Shevchenko, diz que é muito difícil emocionalmente, especialmente no começo. Mas agora, conta, as mães já apoiam e disseram que vão se manifestar elas mesmas caso as filhas fiquem presas por muito tempo.
"A minha mãe é liberal, mas os meus avós no começam pensaram que estávamos drogadas, mas não usamos drogas nem álcool."
Finda a conversa, saí com a impressão de que se trata de meninas que acreditavam no que fazem e que escolhem causas corretas, mas que também estão felizes com a fama das fotos ousadas. Aliás, das 300 militantes, só 20 têm coragem de se despir. Se ficar nua em público é sinal de libertação, como dizem, falta muito trabalho interno.
PS: Como elas protestam na gelada Kiev, faltou perguntar se até que não é conveniente que os policiais a prendam rapidamente enroladas em cobertas.
Feministas da Ucrânia que protestam sem roupa intimidam
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FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A KIEV (UCRÂNIA)
Apesar da inveja gerada nos colegas da Redação, não é assim tão fácil
para um repórter sozinho enfrentar quatro militantes do Femen.
ENVIADO ESPECIAL A KIEV (UCRÂNIA)
Leia íntegra de reportagem sobre as militantes
Mulheres de peito nu dizem encarnar novo feminismo
Veja galeria de fotos das ativistas ucranianas do Femen
Primeiro, porque são feministas. Segundo, porque são bonitas. Ainda bem que tinha a desculpa da entrevista. Senão, nunca me aproximaria da mesa de um bar ocupada por quatro mulheres mais altas do que eu.
Elas consideram as entrevistas parte essencial da militância. Sem publicações do grupo além dos blogs individuais, dependem do contato com a imprensa para ir além das fotos espalhadas multiplicadas milhões de vezes mundo afora.
Mesmo vestidas, não descuidam da imagem. Num momento da entrevista gravada em vídeo, uma Femen chamou a atenção da outra para corrigir a postura.
Fabiano Maisonave-29.nov.11/Folhapress | ||
Militantes do grupo Femen durante entrevista à Folha em um bar de Kiev, capital ucraniana |
Falavam em que podem ser feministas e bonitas ao mesmo tempo e que estão reinventando uma nova forma de ativismo.
Estavam visivelmente maravilhadas com os recentes protestos em Paris (contra a prostituição durante a Eurocopa) e em Roma, contra Silvio Berlusconi, os primeiros no exterior. Ao contrário da Ucrânia, que, segundo elas, vive uma "ditadura", só foram detidas uma vez, num protesto no Vaticano.
"Temos cabelo loiro, salto alto, somos diferentes das europeias. Uma vez, íamos caminhando, e uns rapazes começaram a gritar: 'Ei, meninas'. E quando voltamos, eles viram os símbolos da Femen e disseram 'meu Deus, eu queria conhecê-las, vocês estão contra a prostituição. Adeus e boa sorte", conta uma delas, sobre a passagem por Paris.
Elas parecem realmente convencidas de que estão no caminho certo, a ponto de serem procuradas para ajudar em manifestações.
Contaram ainda que já conseguiram reverter um caso evidente de turismo sexual, quando uma rádio da Nova Zelândia ofereceu um concurso cujo prêmio consistia em 12 dias na Ucrânia com um namorada escolhida num site de encontros.
Sebastien Bozon-10.nov.11/France Presse | ||
Seminuas, ativistas do grupo ucraniano Femen seguram faixa com os dizeres "mulher não é commodity" |
A parte em que se sentiram mais à vontade foram ao falar do impacto da militância vida pessoal. A mais falante, Inna Shevchenko, diz que é muito difícil emocionalmente, especialmente no começo. Mas agora, conta, as mães já apoiam e disseram que vão se manifestar elas mesmas caso as filhas fiquem presas por muito tempo.
"A minha mãe é liberal, mas os meus avós no começam pensaram que estávamos drogadas, mas não usamos drogas nem álcool."
Finda a conversa, saí com a impressão de que se trata de meninas que acreditavam no que fazem e que escolhem causas corretas, mas que também estão felizes com a fama das fotos ousadas. Aliás, das 300 militantes, só 20 têm coragem de se despir. Se ficar nua em público é sinal de libertação, como dizem, falta muito trabalho interno.
PS: Como elas protestam na gelada Kiev, faltou perguntar se até que não é conveniente que os policiais a prendam rapidamente enroladas em cobertas.
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