Isto aqui é um problema que vai da muito ainda e pode afetar todos.
Crise não deve acabar com a UE
Fim do bloco atrapalharia circulação de mercadoria nos países
A taxa de inflação anual da zona do euro em novembro foi de 3%, segundo o
gabinete de estatísticas da União Europeia (UE), Eurostat. O índice,
idêntico ao registrado em outubro, teve aumento de 1,1% em relação ao
mesmo período do ano passado. O acréscimo é atribuído à crise econômica
mundial, que já afetou vários países do bloco, principalmente Portugal,
Irlanda e Grécia.
Na avaliação do advogado Pedro Amaral, especialista em negócios
estrangeiros, a saída para esta turbulência econômica não é o
desfazimento da UE. “Deixar a zona do euro pode ser uma decisão mais
sensata. Até mesmo porque, analisando a situação, percebe-se que nem
todos os países do bloco aderiram ao euro. Prova disso é a Inglaterra,
que é integrante da UE, mas não adotou moeda comum e não foi afetada
pela crise”, diz.
O professor de macroeconomia da Fundação Escola de Comércio Álvares
Penteado (Fecap) André Roncaglia também fala que antes de se pensar no
término da UE, deveria ser verificada a viabilidade de manter a união
monetária. “O bloco está bem estruturado e, como grupo aduaneiro e
comercial, não há qualquer problema. A questão é que não é possível
eliminar os focos de tensão que existem dentro da zona do euro”, afirma.
Roncaglia garante que o efeito contágio só se dá porque os países são
obrigados a se manter próximos uns dos outros, com suas economias
praticamente interligadas. “As peças de dominó ficam extremamente
próximas e se contaminam com muita facilidade. Se, por acaso, tirassem
cirurgicamente a peça contaminada, seria possível fazer a contenção”,
diz.
Falsa solução
Amaral afirma que um possível fim da UE pioraria ainda mais a situação
dos países em crise, já que a saída daria aos governos desertores a
autonomia econômica que antes fora delegada ao bloco econômico. “Com
isso, seriam restabelecidas as tarifas alfandegárias e a circulação de
mercadorias na região ficaria comprometida”, afirma o advogado.
Ele explica que, a partir do momento em que um país deixasse o bloco,
seria iniciado um ciclo vicioso. “A economia já está fraca e fechar suas
portas e mercados para os países vizinhos pioraria a situação e
afetaria ainda mais os postos de trabalho”, alerta.
Roncaglia comenta que em momentos de crise surgem várias interpretações
feitas, muitas vezes, no calor do momento e um possível fim do bloco
seria uma delas. “É preciso tomar cuidado em especular dessa maneira,
porque a UE não foi criada ontem. É uma ideia que vem sendo estudada e
projetada desde o pós-guerra, é muito bem feita e trabalhada, não é
circunstancial”, ressalta.
O professor complementa afirmando que o desmantelamento da UE não faz o
menor sentido em termos econômicos e políticos. Já Amaral garante que a
UE não irá acabar. “Ela é maior que o euro”, fala o advogado.
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