domingo, 11 de dezembro de 2011

Isto aqui é um problema que vai da muito ainda e pode afetar todos.


Crise não deve acabar com a UE

Fim do bloco atrapalharia circulação de mercadoria nos países

A taxa de inflação anual da zona do euro em novembro foi de 3%, segundo o gabinete de estatísticas da União Europeia (UE), Eurostat. O índice, idêntico ao registrado em outubro, teve aumento de 1,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O acréscimo é atribuído à crise econômica mundial, que já afetou vários países do bloco, principalmente Portugal, Irlanda e Grécia.

Na avaliação do advogado Pedro Amaral, especialista em negócios estrangeiros, a saída para esta turbulência econômica não é o desfazimento da UE. “Deixar a zona do euro pode ser uma decisão mais sensata. Até mesmo porque, analisando a situação, percebe-se que nem todos os países do bloco aderiram ao euro. Prova disso é a Inglaterra, que é integrante da UE, mas não adotou moeda comum e não foi afetada pela crise”, diz.

O professor de macroeconomia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) André Roncaglia também fala que antes de se pensar no término da UE, deveria ser verificada a viabilidade de manter a união monetária. “O bloco está bem estruturado e, como grupo aduaneiro e comercial, não há qualquer problema. A questão é que não é possível eliminar os focos de tensão que existem dentro da zona do euro”, afirma.

Roncaglia garante que o efeito contágio só se dá porque os países são obrigados a se manter próximos uns dos outros, com suas economias praticamente interligadas. “As peças de dominó ficam extremamente próximas e se contaminam com muita facilidade. Se, por acaso, tirassem cirurgicamente a peça contaminada, seria possível fazer a contenção”, diz.

Falsa solução

Amaral afirma que um possível fim da UE pioraria ainda mais a situação dos países em crise, já que a saída daria aos governos desertores a autonomia econômica que antes fora delegada ao bloco econômico. “Com isso, seriam restabelecidas as tarifas alfandegárias e a circulação de mercadorias na região ficaria comprometida”, afirma o advogado.

Ele explica que, a partir do momento em que um país deixasse o bloco, seria iniciado um ciclo vicioso. “A economia já está fraca e fechar suas portas e mercados para os países vizinhos pioraria a situação e afetaria ainda mais os postos de trabalho”, alerta.

Roncaglia comenta que em momentos de crise surgem várias interpretações feitas, muitas vezes, no calor do momento e um possível fim do bloco seria uma delas. “É preciso tomar cuidado em especular dessa maneira, porque a UE não foi criada ontem. É uma ideia que vem sendo estudada e projetada desde o pós-guerra, é muito bem feita e trabalhada, não é circunstancial”, ressalta.

O professor complementa afirmando que o desmantelamento da UE não faz o menor sentido em termos econômicos e políticos. Já Amaral garante que a UE não irá acabar. “Ela é maior que o euro”, fala o advogado.

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