01/12/2011
-
14h48
A afirmação é de mais de 40 cientistas da Rede de Carbono do Permafrost, liderados por Edward Schuur e Benjamin Abbott, em artigo na revista científica "Nature".
De acordo com a equipe de cientistas, a falta de estudos fez com que, até agora, a quantidade certa de carbono contido no permafrost fosse subestimada, assim como seus potenciais efeitos sobre o clima global.
BOMBA-RELÓGIO
Durante centenas de milhares de anos, sucessivos degelos e congelamentos prenderam uma enorme quantidade de restos de animais e plantas sob uma camada espessa de gelo no Ártico.
Agora, com o aquecimento global, esse material irá começar a se decompor e liberar gases intensificadores do efeito estufa na atmosfera.
O grupo estima que, sob essa camada --cobre quase 20% de todas as terras do hemisfério Norte--, haja 1,7 bilhão de toneladas de carbono "preso". O que, definitivamente, não é pouco.
"É quase quatro vezes mais do que todo o carbono emitido pelas atividades humanas em tempos modernos e o dobro do que está presente na atmosfera agora", dizem os autores do trabalho.
Os cientistas usam avançados modelos climáticos no computador. Eles trabalham com dois cenários, um em que as temperaturas globais sobem muito e outro em que o aumento é moderado.
Em ambos os casos, a cobertura do permafrost diminui consideravelmente.
Embora a maior parte do carbono deva ser liberada na forma de CO2 --o mesmo das emissões dos carros, por exemplo-- haverá também muito metano, que tem um potencial de aquecimento 25 vezes maior.
Por isso, embora os cientistas digam que a principal fonte de emissões continuará sendo a queima de combustíveis fósseis, o derretimento do permafrost será "um importante amplificador das mudanças climáticas".
"As maioria das pesquisas fala muito das emissões de desmatamento e combustíveis fósseis. Esse artigo mostra, cada vez mais, que o derretimento do permafrost é um fator importante para a mudança climática", afirma o climatologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) José Marengo.
Segundo ele, no entanto, é preciso haver mais estudos sobre a quantidade de gases-estufa liberados. "Sem isso, pode-se ter o melhor modelo de computador que não vai adiantar. O resultado final vai ser uma generalização."
Degelo do solo ártico eleva emissões de gases do efeito estufa
Publicidade
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
A quantidade de gases-estufa liberados até 2100 pelo derretimento do
permafrost (o solo congelado do Ártico) poderá ser até cinco vezes maior
do que se imaginava. Para piorar, esses gases serão ricos em metano,
que tem um alto poder de "multiplicar" o aquecimento global.
DE SÃO PAULO
A afirmação é de mais de 40 cientistas da Rede de Carbono do Permafrost, liderados por Edward Schuur e Benjamin Abbott, em artigo na revista científica "Nature".
De acordo com a equipe de cientistas, a falta de estudos fez com que, até agora, a quantidade certa de carbono contido no permafrost fosse subestimada, assim como seus potenciais efeitos sobre o clima global.
BOMBA-RELÓGIO
Durante centenas de milhares de anos, sucessivos degelos e congelamentos prenderam uma enorme quantidade de restos de animais e plantas sob uma camada espessa de gelo no Ártico.
Agora, com o aquecimento global, esse material irá começar a se decompor e liberar gases intensificadores do efeito estufa na atmosfera.
O grupo estima que, sob essa camada --cobre quase 20% de todas as terras do hemisfério Norte--, haja 1,7 bilhão de toneladas de carbono "preso". O que, definitivamente, não é pouco.
"É quase quatro vezes mais do que todo o carbono emitido pelas atividades humanas em tempos modernos e o dobro do que está presente na atmosfera agora", dizem os autores do trabalho.
Os cientistas usam avançados modelos climáticos no computador. Eles trabalham com dois cenários, um em que as temperaturas globais sobem muito e outro em que o aumento é moderado.
Em ambos os casos, a cobertura do permafrost diminui consideravelmente.
Embora a maior parte do carbono deva ser liberada na forma de CO2 --o mesmo das emissões dos carros, por exemplo-- haverá também muito metano, que tem um potencial de aquecimento 25 vezes maior.
Por isso, embora os cientistas digam que a principal fonte de emissões continuará sendo a queima de combustíveis fósseis, o derretimento do permafrost será "um importante amplificador das mudanças climáticas".
"As maioria das pesquisas fala muito das emissões de desmatamento e combustíveis fósseis. Esse artigo mostra, cada vez mais, que o derretimento do permafrost é um fator importante para a mudança climática", afirma o climatologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) José Marengo.
Segundo ele, no entanto, é preciso haver mais estudos sobre a quantidade de gases-estufa liberados. "Sem isso, pode-se ter o melhor modelo de computador que não vai adiantar. O resultado final vai ser uma generalização."
Nenhum comentário:
Postar um comentário