terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cerveja e Chope vêm do mesmo barril; conheça as diferenças Thaís Sabino A cerveja de garrafa e o chope são como irmãos gêmeos separados ao nascer. As duas bebidas, de uma marca específica, são originadas do mesmo barril e têm os mesmos componentes. No entanto, a cerveja extraída para o engarrafamento passa pela pasteurização – processo em que o líquido é aquecido a 60°C e depois resfriado – para a eliminação de todos os micro-organismos; já alguns chopes não. “Chamamos de cerveja viva”, disse o cervejólogo Guilherme Baldin sobre o chope. Segundo ele, o chope é servido direto do barril, com as leveduras e substâncias criadas no processo de fermentação. A pasteurização, segundo Baldin, prolonga a validade das cervejas. “Enquanto o chope dura 10 dias, a cerveja pasteurizada pode durar seis meses, dependendo da marca”, explicou. Porém enquanto a engarrafada ganha tempo de vida, “perde o sabor do malte, aroma e não fica cremosa”, comparou Baldin. Atualmente, as duas bebidas estão ainda mais parecidas, pois as grandes cervejarias começaram a também pasteurizar o chope, com o objetivo de prolongar sua longevidade. “A concepção para se dizer chope ou cerveja se alterou, hoje o chope também é pasteurizado. (...) É uma cerveja de torneira”, afirmou o mestre-cervejeiro José Carneiro. “O processo tira a vivacidade, sabor e aroma que tinha o chope de antes”, disse ele. Segundo Carneiro, as grandes cervejarias representam 99,7% do mercado de cervejas brasileiro. Apesar dos mesmos ingredientes e processos, o chope ainda causa uma sensação de mais leveza e refrescância em relação à cerveja. O beer sommelier Rodrigo Lemos explica que quando o chope é tirado da máquina, ocorre uma pressão de gás, que pode ser CO2 ou nitrogênio. O gás se incorpora à bebida e a torna mais leve e fria. “Chope nitrogenado é ainda mais leve”, disse Lemos. Além disso, a pressão deixa a bebida mais cremosa, do que a engarrafada. O teor alcóolico e calorias de um copo de cerveja e de chope, de uma mesma marca, são iguais, em média 150 calorias. Para os donos de bares e choperias, no entanto, a similaridade no sabor e ingredientes, não pode ser levada em conta quando se trata de lucro. “A cerveja pode ser dividida entre duas ou três pessoas e pode ser colocada em algo que mantenha a temperatura. Já o chope é um copo por pessoa e se não toma logo ele vai esquentando”, explicou o sommelier e mestre cervejeiro Alexandre Bazzo. Portanto, servir chopes é mais lucrativo e, beber cerveja, mais econômico. Confira as diferenças entre o chope e a cerveja, clicando nas abas acima.


1Sabor

Embora compartilhem dos mesmos ingredientes, não dá para negar a diferença do sabor de um chope e de um copo de cerveja. 'O chope sai mais cremoso, por causa da pressão da máquina', ressaltou o cervejólogo Guilherme Baldin. A bebida tirada direto da máquina, quando não é pasteurizada, também ganha no aroma e no sabor do malte, segundo Baldin. Mas, para saborear esta diferença de paladar, o cliente terá que encontrar um bar que venda chope sem a marca das grandes cervejarias, que já pasteurizam os chopes distribuídos.
'O que acontece com as cervejas de garrafa é que elas perdem substâncias da fermentação, como o malte e lúpulo', explicou o sommelier e cervejeiro Alexandre Bazzo. 'A cerveja de trigo, tem o aroma de banana e cravo diminuídos quando é engarrafada', exemplificou. “A pasteurização mata as leveduras, bactérias e microrganismos da bebida, porém, com o aquecimento outros componentes também se desprendem da cerveja”, explicou Bazzo.

2Refrescância e leveza

Os ingredientes são os mesmos e não existe diferença entre degustar um copo de chope e um de cerveja da marca de uma grande cervejaria, em que ambos são pasteurizados. No entanto, ao primeiro gole do chope, a sensação é mais refrescante do que a proporcionada pela cerveja. Além do mais, uma pessoa que tenha bebido a mesma quantidade de copos de cerveja de que uma que preferiu o chope, por vezes, terá uma sensação mais cheia e pesada.
Não se trata apenas de uma impressão. “A máquina do chope tem CO2 ou nitrogênio para pressionar e jogar o chope para fora. Quando o chope é aerado, o gás se incorpora à bebida e ele desce mais fácil, dá a sensação de mais leve”, explicou o cervejólogo Guilherme Baldin. O efeito de mais frescor também é autoria do gás que impulsiona a bebida para fora. “O chope nitrogenado é ainda mais leve e refrescante”, disse o beer sommelier e cervejólogo Rodrigo Lemos.

3Portabilidade

Transportar um conjunto de seis long necks é bem diferente do que carregar um barril de 30 ou 50 litros de chope no porta-malas. Tanto é que em confraternizações entre amigos, dificilmente 'colaborar com um barril de chope' é colocado na lista. Isso, pois 'a pessoa precisa transportar o barril, ter a máquina e saber manusear”, justificou o beer sommelier Rodrigo Lemos.
“O chope não é prático, a cerveja você compra no mercado, leva para onde quiser e bebe”, segundo ele. Para eventos “caseiros”, a engarrafada é muito mais portátil e não exige a logística necessária para incluir o chope no cardápio. “Você pode presentear alguém com uma cerveja, levar para a praia, tem muito mais mobilidade”, enumerou Alexandre Bazzo.
Além disso, os chopes não pasteurizados precisam ser transportados da forma adequada, para que cheguem ao estabelecimento em boas condições e em um curto espaço de tempo, pois valem por cerca de 10 dias. “A cerveja engarrafada pode rodar o Brasil inteiro sem estragar”, comparou Bazzo.
Foto: Getty Images

4Durabilidade

“A cerveja de garrafa tem o prazo de validade de seis meses a um ano, dependendo da marca. Já o chope não pasteurizado vale por 10 dias”, segundo o cervejeiro Alexandre Bazzo. A pasteurização mata todas os micro-organismos da cerveja, evitando assim que as substâncias se multipliquem e alterem o sabor da bebida.
Os chopes não pasteurizados – fabricados pelas cervejarias menores – conservam estes elementos que, com o tempo, alteram a essência da bebida. As grandes cervejarias, que representam 99,7% do mercado brasileiro, começaram a pasteurizar também o chope para prolongar a validade da bebida.

5Versatilidade

O chope não oferece tanta variedade de marcas quanto a cerveja de garrafa. “Você tem mais versatilidade e pode beber vários rótulos em uma mesma noite em um bar”, disse o beer sommelier Rodrigo Lemos.
As cervejas de garrafa também dão a opção de escolha da temperatura, lembrou o cervejólogo Guilherme Baldin. “Se for consumir em casa, a pessoa deixa do jeito que ela quer, o chope não tem essa opção, tem que ser na temperatura oferecida no bar”. Baldin alertou que o gosto pela “estupidamente gelada” deve ser levado com cautela, pois se a cerveja estiver gelada demais, anestesia as papilas gustativas e o bebedor não sentirá o sabor da engarrafada.

6 Socialização

Para o cervejólogo Guilherme Baldin, “sentar em um bar para tomar um chope com os amigos é tradição, muito mais do que uma cerveja”. Ele considera o chope, por não ser uma bebida que a pessoa compra e leva para casa, mais sociável.
O beer sommelier Rodrigo Lemos também é da opinião que existem momentos para se tomar uma cerveja e os propícios a saborear um chope. As cervejas podem ser consumidas em casa sem companhia ou nos bares entre os amigos. Já o chope, na maioria das vezes, só pode ser apreciado em estabelecimentos, de preferência, com companhia.




Nenhum comentário:

Postar um comentário