Eduardo, Omar e Amazonino são os donos das jogadas para as eleições de 2012
Balanço das filiações partidárias mostra que o jogo político-eleitoral está nas mãos de Braga, Amazonino e Omar
As
siglas dos caciques Omar Aziz (PSD), Eduardo Braga (PMDB) e Amazonino
Mendes (PDT) saíram fortalecidas no primeiro ensaio para as Eleições
2012 e 2014, que foi as filiações partidárias cujo prazo encerrou na
sexta (7). Já a oposição sai desse processo ainda mais atrofiada em
Manaus e no interior do Estado.
O
PMDB manteve a hegemonia no interior com o controle de 23 prefeituras;
quatro deputados federais na Assembleia Legislativa do Estado (ALE); e
um senador. Perdeu o único deputado federal, Átila Lins.
Em
cinco meses, o PSD se tornou a segundo força política quando se
considera mandatos eletivos: filiou 17 prefeitos do interior; cinco
deputados estaduais (tornado-se a maior bancada na ALE-AM); e cinco
vereadores na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Toda a força da sigla se
deve ao líder dela no Estado, o governador Omar Aziz. O mesmo fenômeno
de filiações ocorreu quando Eduardo Braga, ainda no primeiro mandato,
trocou o PPS pelo PMDB.
O prefeito
Amazonino Mendes que estava isolado, retomou as rédeas do jogo de poder
partidário ao entrar no PDT e arrastar com ele seis vereadores da CMM e,
possivelmente, cinco prefeituras do interior, conforme indicou ontem o
secretário-geral da sigla, Dermílson Chagas. Amazonino conta ainda com o
interesse manifestado por outras siglas: o PT e PPS, do vereador Hissa
Abraão que teve expressiva votação em 2010 quando disputou o cargo de
governador do Estado.
O PR do senador
Alfredo Nascimento ficou esvaziado no interior e o pré-candidato à
Prefeitura de Manaus, Henrique Oliveira, demonstra pouco ânimo com a
eleição. A sigla vive um revés. Há um ano, Alfredo negociava junto com o
Planalto palanque único no Estado na disputa pelo Governo do Amazonas.
O
PMN, que declarou oposição ao governador Omar, ante o mandatário do
partido, conta agora com um prefeito. O PSDB do senador derrotado em
2010, Artur Virgílio Neto, tem duas prefeituras, um deputado estadual e
um vereador com a entrada de Mário Frota que deixou o PDT revoltado com a
entrada de Amazonino na sigla. O PSB de Serafim Corrêa está animado com
2012. Mas indica tendência de disputar o pleito com uma chapa puro
sangue, sem alianças.
A configuração
de 2012 e o apoio do governador Omar Aziz influenciarão diretamente nas
Eleições de 2014. Isso porque o governador não poderá disputar o mesmo
cargo por ter assumido o final do mandato de Braga e já estar na
reeleição. Outro detalhe é o fato de Omar manifestar publicamente
gratidão política por Amazonino, Braga e Arthur Neto - todos
aparentemente de ninhos diferentes.
“Oposição sem espaço”
Tanto
o governador do Amazonas, Omar Aziz, com a criação do PSD, quanto o
prefeito Amazonino Mendes, com a ida para o PDT, estão fortalecidos. As
duas lideranças terão condições de fazer grandes bancadas na Câmara
Municipal de Manaus (CMM) e até mesmo de ganhar a Prefeitura de Manaus.
O
resultado das Eleições de 2012 em Manaus vai passar pelo apoio de Omar
Aziz. O apoio dele será decisivo ao longo da campanha. A disputa
eleitoral do ano que vem tem dois grandes candidatos: o prefeito
Amazonino Mendes (PDT) e o senador Eduardo Braga (PMDB). Aquele que
receber o apoio do governador terá grandes chances de sair vitorioso.
Com
siglas como o PCdoB e o PT dentro do Governo do Estado e da Prefeitura
de Manaus, a oposição tradicional no Amazonas está anulada. O PSDB, de
Artur Neto, deve tentar se opor a Amazonino, mas tem um espaço limitado
hoje. Os governos têm um número grande de alianças, o que acaba não
deixando espaço à oposição. O que pode favorecer a oposição na corrida
eleitoral é uma mudança na conjuntura econômica. Como, por exemplo, a
subida da inflação”.
Dificuldade para conciliar interesses
Mesmo
sem a garantia de que uma aliança em torno de um candidato resultaria
em sucesso, a dificuldade para conciliar interesses torna ainda mais
limitada a ação dos partidos de oposição em 2012, avalia o analista
político Afrânio Soares, presidente da Action Pesquisas de Mercado.
No
dia 4 deste mês, o PSDB do ex-senador Artur Neto realizou evento de
filiação em massa em Manaus. No teor do discurso do líder tucano, estava
a intenção de entrar na briga pela Prefeitura de Manaus em 2012, e pelo
Governo do Estado, em 2014. À oposição, Artur propôs união e definição
de uma proposta comum para a cidade.
Para
Afrânio, apesar das conversas abertas para alianças entre PSDB, PSB e
PPS, é difícil o ex-prefeito Serafim Corrêa e o vereador Hissa Abrahão
desistirem de disputar a Prefeitura de Manaus. “Se o Braga vier, tem
mais possibilidade do blocão de oposição acontecer. Mas, as chances
seriam reduzidas”, afirmou.
O Serafim
manifesta interesse em participar do pleito, defendendo que seria o
desempate na disputa dele contra Amazonino. Hissa, que ganhou projeção
em 2010, é o candidato do PPS. “Ele (Hissa) deve ser candidato. Até para
projetar o nome para disputar em 2014 vaga na ALE-AM”, disse Afrânio.
Eduardo Braga
“Não
tenho nada contra o cidadão Amazonino Mendes. Mas não consigo subir num
palanque para defender essa administração que está aí e nem vejo essa
disposição no PMDB”, a declaração foi dada pelo senador Eduardo Braga,
ontem, ao ser questionado da análise de conjuntura feita pela oposição
de que ele, Omar Aziz e Amazonino irão subir mais uma vez no mesmo
palanque no ano que vem.
Preocupado
em deixar claro que PSD e PMDB estão juntos, Braga anunciou que os dois
partidos vão lançar candidatos em praticamente todos os municípios. “Me
ausentei para deixar o governador absolutamente a vontade. Tivemos um
entendimento, uma combinação. Eu cumpri a minha parte, ele (Omar)
cumpriu a dele”, declarou.
Braga
negou que o PMDB tenha tido que traçar qualquer estratégia para evitar a
migração de prefeito par ao PSD. “As baixas que tivemos foram situações
absolutamente pontuais“.
Reestruturação das forças
Com
a entrada de Amazonino Mendes no PDT, o partido passou a reunir a maior
bancada na Câmara Municipal de Manaus (CMM). A sigla começou a
legislatura, pós-Eleições 2008, com um parlamentar: Mário Frota. Após a
chegada do prefeito na legenda, seis vereadores rumaram para o lado do
chefe do Poder Executivo: Luiz Alberto Carijó, Marise Mendes, Wilton
Lira, Dr. Denis, Francisco da Jornada e Gilmar Nascimento.
Já
para o PSD do governador Omar Aziz migraram quatro vereadores: Leonel
Feitoza, Dr. Gomes, Glória Carrate, Luiz Mitoso e Isaac Tayah, que é o
presidente da CMM. Com as mudanças, a nova sigla fica com a segunda
bancada no parlamento municipal.
A
principal vítima do troca-troca de partido na CMM foi o PTB, sigla
comandada regionalmente pelo deputado federal Sabino Castelo Branco.
Cinco vereadores que migraram de legenda esta semana pertenciam à
bancada petebista. Quatro deles trocaram o partido pelo PDT de
Amazonino, a quem o deputado agora faz oposição.
Das
seis vagas que o PTB tinha na CMM, restou um: o do vereador Reizo
Castelo Branco, dirigente municipal da sigla, e filho de Sabino Castelo
Branco. Pai e filho afirmaram disseram que vão à Justiça Eleitoral
brigar pelos mandatos dos infieis.
O
PSDB, que não tinha representação na CMM, ganhou duas cadeiras: Mário
Frota, que após a ida de Amazonino para o PDT abandonou a sigla; e Paulo
De Carlli, que deixou o PRTB e promete abandonar o mandato.
O
Partido Pátria Livre (PPL), criado no último dia 4, também provocou
mudanças na CMM. Foram para a nova sigla a vereadora Mirtes Sales
(ex-PP) e o vereador licenciado (ex-PMDB).
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