07/10/2011 -
08h00
Em São Paulo
Com o nome de “Operação Liberdade Duradoura”, começava em 7 de outubro
de 2001 uma guerra feita sem uma estimativa exata de tempo, já que o
principal objetivo era capturar o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden.
Liderado pelos Estados Unidos e forças de coalizão, o conflito tinha
também como objetivo neutralizar o regime taleban no Afeganistão e levar
segurança à população.
Dez anos depois, apesar de levar à queda o regime taleban e possibilitar a primeira eleição direta da história do país [em 2004, com vitória de Hamid Karzai], a ofensiva ordenada pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush aumentou a resistência taleban e, por consequência, a violência se estendeu no país. Bin Laden foi finalmente morto em maio passado, mas o balanço da guerra ainda é muito pesado para os americanos.
Cerca de 100.000 soldados americanos ainda estão no Afeganistão; somados aos militares que lutaram no Iraque, 7.500 soldados americanos e dos países aliados morreram nas duas guerras, dois conflitos que já custaram US$ 1 trilhão aos cofres americanos e que fizeram explodir a dívida do país.
Segundo os últimos números da guerra divulgados pelo site
icasualties.org (que divulga balanços desde 2001), só os EUA perderam
1.801 soldados. Já o exército britânico, um dos principais aliados do
governo americano na guerra, com 9.500 homens enviados, perdeu 382
soldados. Somadas, as baixas nas tropas estrangeiras chegam a 2.753 em
dez anos de guerra.
A invasão, ao contrário do que pretendia o presidente Bush, não melhorou a situação do país no quesito segurança. A ONU já alertou que o Afeganistão poderia se tornar um Estado fracassado devido a um aumento da violência, a crescente produção de drogas ilegais, bem como a fragilidade das instituições estatais.
O país se tornou frequente alvo de atentados e, para as mulheres, é hoje o lugar mais perigoso para se viver, listado no número 150 do Índice Global da Paz, ranking com 153 países, sendo um dos mais violentos.
Para as mulheres, segundo a Fundação Thomson Reuters, o país é o mais perigoso do mundo para se viver. De 70% a 80% delas se casam contra a vontade; 87% são analfabetas, e uma a cada 11 meninas morrem no parto; apenas 27,7% dos membros do parlamento são mulheres.
"Desde 2001, as mulheres avançaram em áreas como a participação na vida política, o respeito a seus direitos e a educação, mas estas conquistas obtidas dolorosamente continuam sendo frágeis", afirma a ONG Oxfam em um relatório. "Com a retirada iminente das forças internacionais, existe o risco de que o governo sacrifique os direitos das mulheres para poder alcançar um acordo político com os talibãs e outros grupos rebeldes armados".
Só em 2010, o conflito afegão provocou a morte de 2.400 civis, uma média de seis por dia, número recorde em todos os anos de confronto, segundo a ONG ARM (Monitor dos Direitos Afegãos, na sigla em inglês).
No final do ano, autorizou o envio de mais 30.000 soldados e se comprometeu a iniciar a retirada de parte das tropas americanas do país em julho de 2011. O que aconteceu na teoria. Obama anunciou seu plano de retirada em junho deste ano.
A retirada gradual dos solados começou no mesmo mês. Até o final do ano, 10 mil soldados devem retornar aos EUA e outros 23 mil até o final de 2012. Outros países também já anunciaram seus planos de retirada, entre eles França e Itália, que até 2012 e 2014, respectivamente, devem retirar todas as suas tropas do Afeganistão. A saída completa e a transferência de poder para os líderes afegãos deve acontecer apenas em 2014.
Em 10 anos da guerra no Afeganistão, morte de Bin Laden não ameniza peso do conflito para os EUA
Do UOL Notícias*Em São Paulo
Guerra do Afeganistão completa dez anos; veja imagens marcantes
Foto 40 de 40 - Soldados norte-americanos esvaziam quarto na província de Paktika, no Afeganistão, para tomar o caminho de volta para casa David Goldman - 6.ago.2011/AP
Dez anos depois, apesar de levar à queda o regime taleban e possibilitar a primeira eleição direta da história do país [em 2004, com vitória de Hamid Karzai], a ofensiva ordenada pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush aumentou a resistência taleban e, por consequência, a violência se estendeu no país. Bin Laden foi finalmente morto em maio passado, mas o balanço da guerra ainda é muito pesado para os americanos.
Cerca de 100.000 soldados americanos ainda estão no Afeganistão; somados aos militares que lutaram no Iraque, 7.500 soldados americanos e dos países aliados morreram nas duas guerras, dois conflitos que já custaram US$ 1 trilhão aos cofres americanos e que fizeram explodir a dívida do país.
Área: 647,5 mil km2 |
Presidente: Hamid Karzai |
Independência: 19 de agosto de 1919 |
Línguas oficiais: pashtu e dari |
Religião: muçulmana |
População: 33, 6 milhões |
Expectativa de vida: 43,95 anos |
Índice de desemprego: 8,5% |
PIB: US$ 23 bilhões |
A invasão, ao contrário do que pretendia o presidente Bush, não melhorou a situação do país no quesito segurança. A ONU já alertou que o Afeganistão poderia se tornar um Estado fracassado devido a um aumento da violência, a crescente produção de drogas ilegais, bem como a fragilidade das instituições estatais.
O país se tornou frequente alvo de atentados e, para as mulheres, é hoje o lugar mais perigoso para se viver, listado no número 150 do Índice Global da Paz, ranking com 153 países, sendo um dos mais violentos.
Para as mulheres, segundo a Fundação Thomson Reuters, o país é o mais perigoso do mundo para se viver. De 70% a 80% delas se casam contra a vontade; 87% são analfabetas, e uma a cada 11 meninas morrem no parto; apenas 27,7% dos membros do parlamento são mulheres.
"Desde 2001, as mulheres avançaram em áreas como a participação na vida política, o respeito a seus direitos e a educação, mas estas conquistas obtidas dolorosamente continuam sendo frágeis", afirma a ONG Oxfam em um relatório. "Com a retirada iminente das forças internacionais, existe o risco de que o governo sacrifique os direitos das mulheres para poder alcançar um acordo político com os talibãs e outros grupos rebeldes armados".
Só em 2010, o conflito afegão provocou a morte de 2.400 civis, uma média de seis por dia, número recorde em todos os anos de confronto, segundo a ONG ARM (Monitor dos Direitos Afegãos, na sigla em inglês).
A era Obama
Em 2009, ao ser eleito presidente dos Estados Unidos, Barack Obama anunciou mudanças na condução da guerra no Afeganistão e no combate à Al Qaeda, com o envio de mais de 4.000 militares para treinar as tropas afegãs, além de funcionários civis.No final do ano, autorizou o envio de mais 30.000 soldados e se comprometeu a iniciar a retirada de parte das tropas americanas do país em julho de 2011. O que aconteceu na teoria. Obama anunciou seu plano de retirada em junho deste ano.
A retirada gradual dos solados começou no mesmo mês. Até o final do ano, 10 mil soldados devem retornar aos EUA e outros 23 mil até o final de 2012. Outros países também já anunciaram seus planos de retirada, entre eles França e Itália, que até 2012 e 2014, respectivamente, devem retirar todas as suas tropas do Afeganistão. A saída completa e a transferência de poder para os líderes afegãos deve acontecer apenas em 2014.
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