domingo, 2 de outubro de 2011

Isto sempre resulta em problemas pois ficando assim muito tempo não deixa nada crescer atravanca tudo e se torna uma ditadura para manter-se no poder.

De Kadafi a Chávez: veja líderes que mais tempo ficaram no poder

Cartola - Agência de Conteúdo
Enquanto no Brasil estamos acostumados a trocar os nossos presidentes no máximo em oito anos, com a possibilidade de reeleição, em algumas nações os comandantes chegam a ficar décadas no poder. Alguns se aposentam por problemas de saúde, como é o caso de Fidel Castro, que permaneceu 49 anos no comando de Cuba. Outros foram derrubados pelo povo, como Hosni Mubarak, após 40 anos como líder máximo do Egito.
O Terra selecionou dez líderes que ficaram mais tempo no poder. Alguns deles continuam no comando e não têm pretensão de largar, como é o caso de Hugo Chávez, eleito democraticamente na Venezuela. Veja a seguir como eles chegaram lá e o que fizeram para manter esse poder.
Especial para Terra

Fidel Castro - Cuba

49 anos no poder (de 1959 a 2008)
Oficialmente aposentado, mas nos bastidores do poder, Fidel Castro foi o ditador mais carismático dos séculos XX e XXI, na opinião do professor Érico Duarte, do programa de pós-graduação em estudos estratégicos internacionais da UFRGS. "Pouca coisa mudou desde que seu irmão (Raúl Castro) assumiu. Houve algum grau de abertura, mas ainda há censura, embora já tenha sido pior", comenta.
Se por um lado Fidel promoveu reformas institucionais, distribuição de renda e adotou políticas públicas socialistas, por outro, será lembrado pelo duro enfrentamento aos Estados Unidos e por características de regimes totalitários, como a perseguição a oposições políticas, com muitos casos de presos políticos e assassinatos.
Segundo a ONG Human Rights Watch, ainda em 2010 observou-se práticas repressoras, como espancamento e severas restrições aos cidadãos do país, algo estranho para quem chegou ao poder justamente após lutar contra um ditador que roubava e sufocava o povo cubano.

Muammar al-Kadafi – Líbia

42 anos no poder (desde 1969)
O mais antigo ditador no poder está foragido, acuado pelas rebeliões populares desde o início deste ano. "Kadafi não se entrega e tenta retornar ao poder ou, ao menos, fomentar a guerra civil", comenta o coordenador do Centro de Estudos Avançados da Unicamp, professor Pedro Paulo Abreu Funari.
Sem liberdade de imprensa e em um estado de vigilância constante, a população de país convive historicamente com a repressão. Apesar de inicialmente propor uma revolução socialista, isso nunca foi adiante, ressalta o professor da Faculdade de Ciências Econômicas UFRGS Érico Duarte. "Nos últimos 10 anos, houve uma recuperação econômica da Líbia. Nos anos 1990, Kadafi abriu mão das revoluções islâmicas e práticas terroristas e houve entrada de investimentos externos", explica. Segundo Duarte, na medida em que a população foi adquirindo mais conhecimento, tornando-se mais esclarecida, aumentaram os questionamentos acerca do regime, o que culminou nos conflitos que o mundo testemunha desde o início de 2011.

Robert Mugabe – Zimbábue

31 anos no poder (desde 1980)
No poder desde a independência do país, Robert Mugabe instituiu um governo autocrático no Zimbábue. Nos últimos anos, Mugabe está em coligação com a oposição, mas ainda em situação autoritária, diz o coordenador do Centro de Estudos Avançados da Unicamp, Pedro Paulo Abreu Funari.
Altos níveis de inflação e de desemprego são marcantes no país. De acordo com a ONG Human Rights Watch, jornalistas são constantemente ameaçados - quando não são presos. O relatório de 2011 da entidade diz que o governo compartilhado entre Mugabe e a União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (ZANU-PF) "têm usado a violência e a repressão para continuar a dominar as instituições governamentais e dificultar significativo progresso dos direitos humanos".

Hosni Mubarak – Egito

30 anos no poder (de 1971 a 2011)
Deposto em 11 de fevereiro, após protestos populares massivos, Hosni Mubarak está sob julgamento. Seu governo foi marcado por muita repressão à liberdade de expressão e pela corrupção das forças policiais. Para o professor Érico Duarte, do programa de pós-graduação em estudos estratégicos internacionais da UFRGS, é pouco provável que haja abertura política em um curto prazo.
Assim como na Líbia, o povo egípcio viu a economia do país crescer recentemente. Novas classes sociais, oportunidades para mulheres e novos negócios surgiram. Contudo, conforme a Human Rights Watch, "o governo continuou a reprimir dissidências políticas, a dispersar manifestações, a assediar ativistas de direitos humanos e a deter jornalistas".

Omar Al-Bashir – Sudão

22 anos no poder (desde 1989)
Mesmo processado pela Corte Penal Internacional por crimes contra a humanidade na região de Darfur, Omar Al-Bashir foi reeleito no ano passado. Segundo a ONG Human Rights Watch, o pleito ficou marcado por violações dos direitos humanos, como voto múltiplo, entre outras fraudes.
"Trata-se de um dos maiores problemas de segurança na África", destaca o professor Érico Duarte, do programa de pós-graduação em estudos estratégicos internacionais da UFRGS.
Bashir também é responsável por inúmeras atrocidades na guerra civil contra o Sul do Sudão, que durou 22 anos. Seu regime islâmico fechado também é marcado pelos conflitos com os cristãos e pela presença da Al-Qaeda.

Isaias Afewerki – Eritreia

20 anos (desde 1991)
Presidente eleito pela assembleia nacional em 1993, Isaias Afewerki (à esquerda) já estava no poder desde a independência do país. Depois que assumiu, nunca realizou eleições na Eritreia e fechou a imprensa privada no início do século.
De acordo com a Humam Rights Watch, o governo é responsável por diversas prisões arbitrárias e tortura. O presidente nunca implementou a constituição aprovada em 1997, que garantiria direitos humanos e civis. Sem esperança de escapar da repressão, muitos cidadãos arriscam suas vidas fugindo para outros países.

Than Shwe – Mianmar

19 anos no poder (de 1992 a 2011)
Nos anos 1960, a então Birmânia viveu seu primeiro golpe militar de estado. Foram quase 50 anos sob o duro regime de Than Shwe, que controlou a mídia e reprimiu fortemente qualquer manifestação popular.
O atual presidente, Thein Sein, foi empossado em março de 2011 como o primeiro governo civil. Contudo, segundo a ONG Human Right Watch, ainda são negados aos cidadãos direitos básicos de liberdade e o regime político ainda é bastante militarizado.

Kim Jong-II - Coreia do Norte

17 anos no poder (desde 1994)
Quem quiser saber como funcionava o regime stalinista da época da Guerra Fria basta olhar para a Coreia do Norte. Kim Jong-II é a terceira geração de uma mesma família, num modelo de governo que beira à tirania.
Grande parte do modelo soviético permanece, promovendo uma situação econômica precária. "A situação mais complicada no país é a formatação mental da população, que não conhece outro tipo de configuração política. Desde pequenos os cidadãos são ensinados a idolatrar seu líder. Mesmo que houvesse uma abertura no governo, o povo não tem cultura democrática", opina o professor do programa de pós-graduação em estudos estratégicos internacionais da UFRGS Érico Duarte.

Rei Abdullah - Arábia Saudita

15 anos no poder (desde 1996)
Príncipe regente desde 1996, quando seu meio-irmão Fahd teve de ser afastado por motivo de saúde, Abdullah assumiu como rei da Arábia Saudita em 2005. A família Al-Saud mantém a mesma estrutura política desde o início do século 20: uma monarquia absoluta marcada pela tendência ao fanatismo islâmico.
"Sem qualquer liberdade, o povo convive com proibições radicais, com restrições aos direitos das mulheres e das práticas cristãs. Do ponto de vista ocidental, os direitos humanos são constantemente violados", destaca o professor do programa de pós-graduação em estudos estratégicos internacionais da UFRGS Érico Duarte.

Hugo Chávez – Venezuela

13 anos no poder (desde 1998)
Apesar de eleito democraticamente desde 1998, Hugo Chávez protagoniza um processo político indefinido, que "tende a uma condição quase totalitária", afirma o professor Érico Duarte, do programa de pós-graduação em estudos estratégicos internacionais da UFRGS.
Através de reformas políticas, Chávez busca ampliar as chances de se manter no poder. "Sua repressão a opositores políticos e à imprensa é menos violenta do que em muitos países, mas ainda assim presente", diz o professor.
De acordo com a ONG Human Rights Watch, o controle do governo venezuelano sobre o poder judiciário tem contribuído para uma situação precária dos direitos humanos. Chávez tem sistematicamente minado a liberdade jornalística e assediado adversários políticos. A ONG aponta ainda que os abusos policiais e a impunidade são problemas graves, e as condições das prisões são deploráveis.

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