Satélite nipo-americano estudará chuva e neve no mundo
Dados vão ajudar nos estudos sobre mudanças climáticas, recursos de água doce, inundações e secas
Satélite com lançamento previsto para fevereiro vai monitorar formação de nuvens
(Japan Meteorological Agency NOAA/Reuters)
Um novo satélite construído em conjunto pela Nasa e sua similar
japonesa (Jaxa) terá a missão de estudar a chuva e a neve ao redor do
mundo, anunciou a agência espacial americana nesta segunda-feira. Seu
lançamento está previsto para fevereiro.
O Global Precipitation Measurement (GPM) vai ajudar os cientistas a
monitorar a formação de nuvens e melhorar as previsões meteorológicas. A
missão é "a primeira rede de satélites internacional a fornecer
observações da chuva e da neve a cada três horas em qualquer lugar do
globo", informou a Nasa. "Os dados serão usados por cientistas para
estudar mudanças climáticas, recursos de água doce, inundações e secas,
bem como a formação e o rastreamento de furacões", acrescentou.
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O satélite foi enviado de avião dos Estados Unidos para o Japão e seu
lançamento está previsto para ocorrer no Centro Espacial Tanegashima,
da Jaxa, em 27 de fevereiro, entre as 16h07 e as 19h07 de Brasília ou
nas primeiras horas de 28 de fevereiro, horário do Japão, informou a
Nasa.
O observatório orbitará a Terra a uma altitude de 407 quilômetros.
Ele vai transportar o radar de precipitação de frequência dual,
fabricado pelo Japão, e um captador de imagens de micro-ondas (GMI, na
sigla em inglês), de fabricação americana. Cerca de dois meses depois do
lançamento, seus dados serão transmitidos ao Centro Espacial Goddard,
da Nasa, e distribuído online.
Os principais eventos astronômicos de 2014
Eclipse total da Lua
Um dos espetáculos mais bonitos esperados para este ano é o eclipse
total da Lua, previsto para 15 de abril. A Lua vai entrar na região de
sombra feita pela Terra, desaparecendo completamente do céu. O evento
poderá ser observado em todo o Brasil, exceto o fim do espetáculo,
quando a Lua reaparecer, pois já terá amanhecido por aqui.
O eclipse vai começar às 3h da manhã. Por volta das 4h, se inicia a
fase total do eclipse, quando a Lua some atrás da sombra da Terra. Às
5h24, o satélite começa a sair da escuridão, e ressurge inteiramente às
6h33.
No dia 8 de outubro haverá outro eclipse total da Lua. Mas este terá
início quando o dia estiver clareando para nós, por volta das 6 da
manhã, de modo que a maior parte do território nacional não vai ver
nada. Quem estiver no Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e em parte do
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará e Amapá pode conseguir observar o
comecinho do evento.
Segundo Gustavo Rojas, astrofísico da Universidade Federal de São
Carlos, apesar de comum, esse evento não ocorre anualmente, pois depende
das configurações de ciclo da Terra, da Lua e do Sol. Em 2013, por
exemplo, nenhum eclipse total lunar foi observado. Quando eles
acontecem, costumam ser dois no mesmo ano.
Eclipses solares
Dois elipses solares estão previstos para 2014, mas eles poderão ser
conferidos no Brasil apenas por fotos. O primeiro vai escurecer o céu da
Austrália em pleno dia, em 29 de abril. Será um eclipse anular,
fenômeno em que a Lua entra na frente do Sol e não o cobre totalmente,
deixando um anel de luz ao seu redor. Isso acontece porque a Lua estará
em um ponto mais distante da Terra, fazendo com que o satélite pareça
menor para nós. À luz do dia, animais começarão a agir como se começasse
a anoitecer e estrelas poderão ser vistas no céu.
O segundo eclipse solar, em 23 de outubro, será parcial, quando a Lua
não fica exatamente na frente dele, e poderá ser visto apenas no Oceano
Pacífico e no Alasca.
Chuvas de meteoros
Esses fenômenos anuais acontecem quando a Terra atravessa uma região
que já foi (ou ainda é) trajeto de um cometa. Isso porque, ao se
aproximar do Sol, o cometa perde matéria e deixa um rastro pelo caminho.
Quando essa matéria entra na atmosfera da Terra e queima, ela se torna
uma chuva de meteoros.
Os principais episódios vistos do Brasil serão Eta Aquarídeos, em 5 de
maio; Delta Aquiarídeos, em 28 de julho; Orionídeos, em 22 de outubro; e
Geminídeos, em 13 de dezembro. O fenômeno é visível a partir da
meia-noite – antes do amanhecer é o melhor horário para avistá-lo –
sempre na direção Leste.
Segundo Gustavo Rojas, é preciso olhar para o céu bastante tempo para
avistar as chuvas, pois os meteoros podem aparecer em intervalos de
tempo longos. Se a Lua iluminar o céu, a visão será prejudicada. As
chuvas dos Eta Aquarídeos, em maio, e a dos Orionídeos, em outubro,
ocorrem em virtude da passagem pelo rastro deixado pelo cometa Halley.
Planetas em oposição
Quando um planeta está em oposição em relação ao Sol, é o melhor
momento para observá-lo. Aqui da Terra, conseguimos ver a oposição de
Marte, Júpiter e Saturno, que ficam visíveis, cada um no seu período de
oposição, durante toda a noite. Urano e Netuno, mesmo ficando mais
brilhantes, não atingem o nível suficiente para serem vistos a olho nu,
enquanto Mercúrio e Vênus, por estarem mais perto do Sol do que a Terra,
nunca ficam em oposição para nós – embora ambos sejam normalmente
visíveis.
Para observar um planeta em oposição, deve-se olhar, no começo da
noite, na direção Leste, onde o Sol nasce. O ponto mais brilhante será o
planeta. Marte fica em oposição no dia 8 de abril, e Saturno em 10 de
maio. O período de oposição de Júpiter aconteceu no início desse ano, em
5 de janeiro. O fenômeno é mais visível duas semanas antes e depois da
data fixada.
Cometa Siding Spring
O cometa esperado para 2014 não vai passar perto da Terra, mas de
Marte. Trata-se do Siding Spring, que foi descoberto em 3 de janeiro de
2013 pelo astrônomo escocês-australiano Robert H. McNaught.
A princípio, pensava-se que ele poderia colidir com o planeta vermelho,
mas a Nasa já considera essa hipótese praticamente descartada: em abril
no ano passado, a chance de colisão foi estimada em uma para 120 000. A
aproximação máxima do cometa a Marte está prevista para 19 de outubro,
quando ele estará a 110.000 quilômetros do planeta. "Essa distância
equivale a pouco mais de um terço da existente entre a Terra e a Lua.
Nunca houve um cometa passando tão perto assim da Terra", explica
Gustavo Rojas.
A passagem do Siding Spring pode envolver Marte em uma nuvem de poeira e
pequenas rochas liberadas pelo cometa, o que pode provocar um efeito
visual bonito, mas também causar danos aos equipamentos que orbitam o
planeta vermelho, como a sonda Mars Orbiter, lançada em novembro do ano
passado pela Organização de Pesquisas Espaciais da Índia e os robôs
exploradores Opportunity e Curiosity.
Sonda Rosetta
O ano de 2014 prevê uma grande inovação para a ciência espacial: a
sonda Rosetta, desenvolvida pela Agência Espacial Europeia (ESA, na
sigla em inglês) vai realizar o primeiro pouso em um cometa. Em 20 de
janeiro, Rosetta foi reativada, depois de 957 dias "hibernando" no
espaço. Lançada em 2004, ela vai se aproximar em agosto do cometa
67P/Churyumov-Gerasimenko e, depois de analisar sua superfície, vai
liberar a sonda Philae, que deve pousar na superfície do cometa em
novembro deste ano. Rosetta vai acompanhar o cometa em sua viagem em
direção ao Sol, para monitorar as mudanças que acontecerão no corpo
celeste durante este trajeto, até que ele atinja o ponto mais próximo do
Sol, em agosto de 2015. Por serem "sobras" da formação do nosso Sistema
Solar, a composição dos cometas pode dar pistas importantes sobre o
surgimento da vida na Terra e a evolução do Universo.
Satélite Gaia
Conhecido como “cartógrafo da galáxia”, o satélite Gaia, da Agência
Espacial Europeia, foi lançado no dia 19 de dezembro do ano passado, a
bordo de um foguete russo Soyuz. Em uma missão que deve durar cinco
anos, seu principal objetivo é fazer o mais preciso mapa tridimensional
da Via Láctea, permitindo que os astrônomos determinem a origem e a
evolução de nossa galáxia. Gaia vai fazer observações de um bilhão de
estrelas, registrando sua posição e movimentação, bem como temperatura,
luminosidade composição. "Será uma pesquisa muito importante, porque a
gente não conhece muito bem a distância das estrelas, vamos poder ver
com precisão toda a galáxia. Vai levar um tempo para coletar os dados,
mas talvez até o fim do ano já seja feito algum anúncio importante
relacionado a este satélite", afirma Gustavo Rojas.
Se quiser ver mais no link abaixo.
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/satelite-nipo-americano-estudara-chuva-e-neve-no-mundo