quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Bom acredite se quiser, mais para contradizer uma descoberta não é muito fácio isto tem que ter muita certeza e razão bem precisa para tal.

Buraco negro não existe, diz Hawking

Por Salvador Nogueira
29/01/14 06:15
O físico Stephen Hawking ficou famoso por dedicar uma vida estudando os mistérios dos objetos conhecidos como buracos negros. E agora ele afirma que provavelmente eles não existem.
Stephen aprontou mais uma, deixando os físicos atônitos
Stephen aprontou mais uma, deixando os físicos atônitos
Controverso? Bota controverso nisso. Nem tanto pela sugestão, que já foi feita antes e passa por uma certa efervescência em tempos recentes. Já abordei o assunto numa reportagem em 2003 e mais recentemente o Mensageiro Sideral falou sobre isso, apresentando outra teoria a respeito. (Aliás, se você quiser saber mais sobre buracos negros, sugiro a leitura desse último link.)
A grande controvérsia é que Hawking, dadas as suas limitações, apresenta um trabalho sem nenhuma fundamentação matemática que apoie suas conclusões. É evidente que as dificuldades impostas por sua doença (o físico sofre de esclerose lateral amiotrófica, e é atualmente o recordista de sobrevivência a essa condição degenerativa que causa a crescente paralisia do corpo) inviabilizam longos e detalhados trabalhos.
Ainda assim, a única coisa que impede Hawking de ser ridicularizado pelo trabalho é sua gigantesca popularidade. Note que ele não foi publicado em uma revista científica — foi apenas colocado no repositório arXiv, usado pelos cientistas para compartilhar artigos antes de sua publicação –, e dificilmente seria aceito se fosse submetido a revisão por pares. Só estamos falando dele porque se trata de uma figura maiúscula da ciência do século 20.
O britânico já usou desse expediente em 2004, quando enviou às pressas um trabalho para uma conferência sugerindo que havia resolvido um dos maiores enigmas da física de buracos negros: para onde vai a informação contida na matéria que cai lá? (Até hoje ninguém se convenceu de que ele de fato resolveu algo em 2004, e o fato de ele voltar a carga sinaliza que ele não havia resolvido mesmo.)
Se considerarmos que um buraco negro é um objeto tão denso (produzido via de regra pela detonação de uma supernova, com a subsequente compactação do núcleo da estrela morta que explodiu) que nada pode escapar dele, nem a luz, tudo que cai nele está virtualmente fora do nosso Universo. Ainda se eles ficassem na deles, negros para sempre, poderíamos dizer que a informação ainda está lá dentro, só que onde não podemos ver. O problema é que o próprio Hawking demonstrou, combinando efeitos quânticos e a teoria da relatividade, que os buracos negros emitem uma sutil radiação, até evaporar por completo. Como ela não teria como carregar para fora a informação que caiu lá dentro, e no final o buraco negro some, adeus, informação. Ela sumiu.
Físicos não gostam quando coisas somem. Suas teorias vivem de coisas como lei da conservação da matéria/energia e lei da conservação da informação. Daí eles chamarem esse problema dos buracos negros de paradoxo da informação. Foi o próprio Hawking, em 1975, que levantou essa lebre.
Agora (pela segunda vez) ele se propõe a resolver a questão, desta vez sugerindo que uma espécie de barreira se interpõe e impede que as partículas de fato atravessem o chamado horizonte dos eventos, fronteira matemática que indica o ponto de não-retorno do buraco negro.
“A ausência de horizontes de eventos significa que não há buracos negros — no sentido de regimes dos quais a luz não pode escapar para a infinitude”, afirma Hawking em seu miniartigo.
Entender a física dos buracos negros exige combinar relatividade e mecânica quântica
Entender a física dos buracos negros exige combinar relatividade e mecânica quântica
Bacana. Serve como ponto de partida para outros físicos pensarem no assunto e buscarem a solução para um paradoxo importante na física. Meu palpite é que o problema é insolúvel no nosso atual estado teórico. Somente quando tivermos uma teoria efetiva de gravidade quântica esse dilema terá solução. Enquanto tivermos poucas intersecções entre a mecânica quântica e a teoria da relatividade, trabalhos como esse permanecerão como especulações.
Uma contribuição que os astrônomos poderiam dar é a observação de horizonte de eventos de buracos negros. Se virmos que eles de fato são negros, poderíamos pelo menos discriminar entre diferentes hipóteses. Sem observação e sem uma teoria suficientemente abrangente, temos de viver de especulações. E em matéria de especulol, Hawking brilha como poucos.

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